segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Continua lindo...

Dezembro agora visitamos o Rio de Janeiro por três dias que passaram voando! Chegará a hora em que irei admitir, pros outros e pra mim, que tenho vontade de pegar minhas trouxinhas e mudar pra lá. Embora esse post não seja a respeito de rivalidades entre cariocas e paulistas, e malgrado ache que em São Paulo você tem tudo ao alcance da mão (ou do telefone, ou do mouse) e a qualquer hora, sob ótica de Juliana as semelhanças entre esses dois lugares funcionam assim:

Congestionamentos:
Rio - checked (não adianta nem tentar falar que não, levamos 1h do Jardim Botânico ao Posto 5 em Copacabana, no carro do Francisco, à tarde)
São Paulo - checked

Malucos sem noção no trânsito:
Rio - checked (acredito que sejam malucos mesmo, e a maluquice é comum, vai que é algo que tem na água de beber... às vezes no trânsito do Rio me sinto em Roma)
São Paulo - checked (mas acho que é mais caso de falta de educação do que de maluquice)

Crime, um monte:
Rio - checked
São Paulo - checked

Distribuição de renda digna de piada:
Rio - checked
São Paulo - checked (só porque você mora nos Jardins e não vê a favela, não quer dizer que ela não exista, beibe!)

Transporte público tosco:
Rio - checked (até um pouco pior)
São Paulo - checked

Praia:
Rio - checked
São Paulo - fail



Em suma, pelo menos no Rio tem praia! Fato é que o carioca sai do trabalho e pode ir dar um mergulhinho no mar ou uma caminhadinha na orla. É inegável que isso tende a fazer as pessoas mais felizes e preparadas pra suportar um engarrafamentozinho aqui, um arrastãozinho no bar acolá, e esses problemas que ambas as metrópoles têm. 

A foto acima é da praia de Copacabana, tirada da janela do nosso quarto no hotel Othon. Foi a primeira vez de Ninoca na praia; ela achou a areia esquisitíssima e quando a levei na beirinha da água, ela via a onda chegando e chacoalhava a cabecinha dizendo "nã-não-nã-não-nã-não!". Quando o mar atingiu seus pezinhos ela chorou... e emendou uma risada. No final, achou mais engraçado do que ruim. Olha, Copacabana estava bem imundinha, devo dizer. Porém, como eu só tinha três dias, e só deu pra pisar na areia depois das 18h devido ao calor de quarenta e três graus, resolvi fazer o début da figurinha ali mesmo. Dizem que a praia do Vidigal, onde fica o hotel Sheraton, é curtinha e mais calma, e por isso mais legal para os pequenos, mas não posso atestar pois nunca fui. Copacabana, no entanto, ganha pontos extras por essa vista que é um desbunde, e por ser também um bairro onde tem tudo fácil: supermercado, banco, farmácia.

Ela, Nina, também gostou de andar de carrinho no calçadão, tomando mamadeira e olhando o movimento. É um bebê ótimo no que diz respeito a passeios; deixa-la trancada em casa que é perigoso, em pouquíssimo tempo começa a mexer em tudo e fazer arte. Aliás, vou confessar que só consegui 15 minutos pra arrumar a mala de volta porque enquanto eu o fazia, ela abria o frigobar do quarto do hotel, tirava tudo de dentro, só para depois colocar de volta. Ah, o hotel? Tem uma piscina pequena, porém gostosa no trigésimo andar (Nina amou), e um restaurante ao lado, de onde se avista a praia, os morros e o Forte (que é um passeio bem bacana). O café da manhã do trigésimo andar é bem farto e o filé com molho de cebolas que comemos no almoço do último dia estava bastante digno.





A Raquel, o Francisco e a Camilinha, nossos amigos de Niterói, nos levaram para passear no Parque Lage (foto acima) e no Jardim Botânico, sabendo que em ambos o calor estaria menos intenso por conta da vegetação. Nada como uma família local pra nos ensinar esses macetes. E o Parque Lage é bem bonito, mas o Jardim Botânico é sensacional! Ninoca se apaixonou pelo tanque das tartarugas e adorou ver o mico leão preto trepado na árvore comendo jaca. De resto, passou a maior parte do dia no balanço e não quis por nada tirar a sandália pra pisar na areia do parquinho infantil. Recomendo esse parquinho do Jardim Botânico para mamães que querem levar os filhos em algum lugar legal sem que eles derretam com o calor. Foi um dos pontos altos da viagem, Ninoca-wise.

Por fim, queria deixar registrado meu agradecimento à TAM, que quebrou um pedaço do carrinho da Nina... isso porque eu já o levei pra cima e pra baixo, e ao viajar embalei-o naquele plástico verde, tomando o maior cuidado... não chegou a inutilizar o carrinho e nem a estragar o passeio, mas que eu queria torcer vagarosamente o pescoço do funcionário da SATA que fez isso, ah queria...

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Bermudas, as do triângulo



Horseshoe Bay


Sabem babymoon, aquela viagem que os casais fazem quando estão grávidos, pra se curtirem e se despedirem da vida fácil? Então, cada um tem o babymoon que pode e o meu foi com a minha mãe, num cruzeiro que passou por algumas ilhas do Caribe. Após isso, antes de o navio seguir para Nova York, parou por dois dias num lugar bem exótico: Bermuda, ou “As Bermudas”, como aqui conhecemos.

Daí que, mesmo antes de nascer, Ninoca já se aventurou pelo temido Triângulo das Bermudas, um triângulo (dã) imaginário formado por linhas também imaginárias que ligam pontos imaginários (ai, chega que tá parecendo música dos Engenheiros do Hawaii) localizados em Fort Lauderdale, Puerto Rico e nas próprias Bermudas. Muitas explicações já foram dadas para a grande série de desaparecimentos de aviões e barcos nessa área, algumas viajandonas como monstros marinhos, fantasmas ou habitantes da Atlântida, e outras menos fantasiosas como alterações no campo eletromagnético da Terra. O fato é que estamos aqui, não desaparecemos e, devido a isso, posso contar um pouco do que eu vi nas Bermudas.

Acho que lá tem a água de cor mais linda que eu já vi. Claro que eu não conheço (ainda) paraísos como Tailândia, Maldivas ou Polinésia Francesa, mas sou brasileira e conheço um tantinho de Caribe, já deve valer de algo... O mar tem tons de azul royal, azul turquesa e um verde esmeralda, tão transparente que dá pra ver o fundo até quando ele está bem longe. Em contraste, as praias têm areia branquinha (eles dizem que é “pink sand”) e formações rochosas de calcário de dar inveja a Salvador Dalí. Dá pra ficar horas sentado admirando a paisagem... foi basicamente só o que a minha mãe fez, porque a água é gelada pra burro, mesmo em maio, quase verão no hemisfério norte. Eu e minha barriga imensa nadamos um pouco, já que diz que água gelada é boa pra circulação. Visitamos essa praia linda, Horseshoe Bay, e mais uma praia menorzinha tipo baía, Jobson's Cove.



Essa só avistamos de cima. Disse o nosso taxista ser “particular” de um hotel, também maravilhoso e bem caro.



O que mais? Bem, visitamos Hamilton, a “cidade grande”. Tudo limpíssimo e arrumado, jardins públicos bem cuidados, lojinhas que pareciam casas de boneca (sim, tinha Sephora). Ao longo da nossa visita deu pra notar que a ilha é, na verdade, um arquipélago formado por um monte de mini ilhas – em algumas delas, havia uma única casa. Era curioso tomar o barco de transporte público e ver a criançada voltando do colégio e sendo deixada nas ilhazinhas onde moram. Quase todas as residências também parecem casas de boneca, pintadas em tons pastel e com o obrigatório telhado branco. A razão, nos explicou nosso taxista/guia, é que os telhados devem estar sempre impecáveis, pois a eles estão conectadas calhas que recolhem a água da chuva para ser reaproveitada. É, lá quase não existe outra fonte de água doce. Ele nos disse também que os impostos são pesadíssimos para estrangeiros que queiram comprar casa nas Bermudas, exceto quanto a “condos” (apartamentos). Ou seja, ou você precisa ter parentes nascidos por ali, ou ter tanto dinheiro quanto o Michael Douglas e a Zeta Jones – que aliás, têm casa na ilha e, segundo os locais, são sempre avistados andando por lá.



Arredores de King's Wharf

O nome do lugar em que nosso navio parou é King's Wharf, onde outrora atracavam navios da marinha britânica. Na redondeza existem prédios antigos que eram usados pelos militares, além do museu marítimo e (claro) um monte de lojas pros turistas tontos (oi!) gastarem seus dólares. O ambiente não é lá muito festivo –  o lugar é lindo, idílico mesmo, mas não tem aquela coisa de animação praiana, de sol-suor-pouca roupa. Parece que está tudo tão no lugar que nem os grãos de areia estão desarrumados. Isso pode irritar algumas pessoas, as mesmas que talvez ficassem chocadas pela visão dos homens de bermuda de alfaiataria e meias logo abaixo dos joelhos. Mas calma, tudo tem explicação: os militares britânicos já usavam esse tipo de vestimenta em lugares calorentos – afinal, eles tinham colônias em tudo quanto é canto calorento desse mundo. Daí que na época da Segunda Guerra, roupas estavam em falta nas Bermudas. Imagina só, tudo tem que chegar lá de barco (e é por isso que tudo lá é caro). Foi quando alguém teve a idéia de imitar a roupa dos soldados britânicos, que ficou conhecida como “bermuda shorts” por causa do nome do lugar, e não o contrário.





Bermuda é também um destino famoso para mergulhadores, e quem sabe um dia eu volte lá com meu futuro certificado. É ainda um lugar bem popular entre os americanos, porque pegar um vôo de NYC pra lá é barato e rápido. Dá pra passar o fim de semana, demora menos do que chegar em Ubatuba saindo de SP. Tem também uns cruzeiros que saem de New Jersey, passam dois dias e voltam. Não achei que precise de muito mais do que dois dias para ver as melhores coisas. Fiquei triste de não ter ido para Sr. George, mas é outra desculpa pra voltar.


Claro que tivemos nosso momento Chevy Chase também. Resolvemos pegar um passeio noturno promovido pelo navio, que em tese seria num barco com fundo de vidro, para vermos “como a vida marinha bermudiana se comporta à noite”. No final o tal barco tinha apenas umas janelinhas no fundo e o povo lá do passeio queria mais era saber do rum grátis do que de ver qualquer vida marinha!



Nosso garçom do pub: Ravi que não era Shankar





terça-feira, 23 de outubro de 2012

Point Lobos: o dia chuvoso do Criador



Se eu crente fosse, imaginaria que, num dia chuvoso e tedioso lá no Céu, no Olimpo, em Asgard ou coisa que valha, Deus-Zeus-Odin resolveu criar alguma coisa. E como ele estava de humor criativo, porém lúgubre, meio de bode, criou Point Lobos. Posso tentar explicar, mas nem precisaria: esse é um caso em que as fotos falam o suficiente.




Point Lobos é uma reserva biológica ao sul de Carmel, aquela cidade californiana da qual Clint Eastwood foi prefeito. Estive lá com a minha família em 2010, por insistência do meu pai, que já havia visitado uma vez e queria rever o lugar. Passamos o dia ali e andamos MUITO, porque a cada poucos passos que se dá, a paisagem muda drasticamente, coisas novas e muito diferentes aparecem, e fazem você ter vontade de andar mais e mais, só pra ver o que vai aparecer (e daí, na hora de voltar, adivinha quem saiu da trilha e retornou pela estrada pra buscar o carro, enquanto o resto do povo esperava...). 


Pegando um bronze

Dizem que esse lugar é único até debaixo d'água: é um destino bastante procurado pelos mergulhadores. No meu caso, não foi desta vez. Fiquei com os pés bem em cima da terra, até porque mesmo que eu fosse mergulhadora certificada, acho que não encararia o frio. Segui me espantando com a paisagem: primeiro pedras nuas encontrando o oceano; depois, florestas de árvores e galhos retorcidos; ciprestes enormes com raízes-tentáculos. Até o Oceano Pacífico parecia estar diferente a cada passo que a gente dava: em algumas angras, a água era azulzinha; em outras, era cinza e parada.


Cipreste gigante


A diversificação entre a fauna também era curiosa: de bichinhos escrotos peludos a leões marinhos e focas bonitinhas (o lugar se chama Point Lobos porque leão marinho é também chamado de lobo marinho - em todo caso, lá não tem lobo nenhum), passando por aquelas gaivotas que existem em quase qualquer canto dos Estados Unidos.


Bichinhos escrotos californianos

Muitos mamíferos

Por falar em bichos, existe um museu instalado numa cabana lá em Point Lobos, que é o Whaling Station Museum, interessante pra caramba. Lá aprendi que nos anos 1800, pescadores de baleia portugueses saídos dos Açores se instalaram por lá, onde ficaram pescando suas baleias (antes de chorar/se descabelar, vamos observar o contexto histórico, ok?) para fazer óleo de baleia e outras coisas mais. Também aprendi que Point Lobos está cheio de abalone, molusco que vive numa concha iridescente que é usada pra fazer bijuterias. Os "índios" da Califórnia, um povo chamado Ohlone, já catavam abalone para comer (mil ecas); depois chegaram os chineses e os japoneses, estes com verdadeiras roupas de escafandrista, e começaram a enlatar o bicho em larga escala, também pra comer (mais sete mil ecas - nada desses bichos que vivem dentro de conchas me apetece, e só comi marisco na paella durante a gravidez porque os hormônios me deixaram completamente louca). Os trajes utilizados e latinhas antigas estão lá em exposição, é bem curioso e interessante. 




Se você gosta de natureza e de bater perna na natureza e não no shopping, vá. Altamente recomendo. Alugue um carro, passe em Carmel e depois vá. Um dia é suficiente, a menos que você queira fazer uma observação mais detalhada do lugar. Nós paramos o carro perto do museu-cabana e fizemos as trilhas pela mata, à beira do mar. 

Eu voltaria. 





quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Hã?

Notei que as coisas andam meio esquizofrênicas por aqui. E como basicamente só eu leio esse blog, acho que esse post é até pra explicar pra mim mesma o que estou fazendo. 

Tive a sorte, por algum tempo, de poder viajar bastante; na real, em alguns anos, tirei 3 períodos de férias com 10 dias cada e viajei em todos eles. Agora a coisa está um pouco mais difícil, com a casa, a Nina e as obrigações de adulta. Vai demorar um tempinho pra eu conseguir planejar aquelas férias "do ano". 

Mas se os planos estão meio atrapalhados, as memórias ainda existem, certo? E é com base nelas que continuo a escrever os novos textos do blog. Alguns textos são antigos e estou republicando; destes, há uns inclusive que foram escritos in loco e em tempo real, durante aquelas férias mesmo. Os textos sem acento nasceram de teclados que não consegui configurar para o português. E as fotos são todas de minha autoria, a menos que eu escreva em contrário. 

Assim vamos seguindo, com alma de viajante, mesmo morando a seis quadras de Osasco e atualmente não conseguindo ir nem pra lá.



As saudosas Bermudas

Eslovênia, que não é Eslováquia.

Antes do post, vamos combinar? Eslovênia é uma coisa, Eslováquia é outra. Não só porque são dois países completamente diferentes, mas porque a primeira certa vez fez parte da Iugoslávia, e a segunda já integrou a Tchecoslováquia. Tamos legais?

A Eslovênia é um país pequenino, perto da Croácia e, olha que curioso, da Itália - tanto que da capital Eslovena para Veneza, levei três horas viajando de carro, com parada em posto pra comer/ir ao banheiro e tudo. Uma tia minha passou tempinho morando lá, e aproveitei minha viagem-do-eu-sozinha à Europa em 2009, para fazer uma visita de quatro dias. Achei mais do que suficiente para conhecer os pontos turísticos principais; seria legal ter ficado mais dias porque Ljubliana, a capital, é uma cidade bem ajeitadinha e bonitinha.

Rio Ljublianica

Esse monte de "inhas" corrobora o que ouvi de alguém, na real nem lembro quem: Eslovênia é uma "mini Europa do Leste". Vale dizer, tem tudo o que uma cidade lindona e maior (como Praga) tem, só que em menor escala. Tem o rio Ljublianica com direito a barquinhos; tem arquitetura dura de influência soviética no meio de prédios art-déco; tem castelo no topo do morro; tem alamedas arborizadas com cafés e mesinhas na calçada; tem parque onde o povo loiro toma sol, come picolé e vai patinar.  O trânsito é quase inexistente e todo mundo - todo mundo mesmo, inclusive os vendedores nas lojas, com algumas poucas exceções - fala inglês. Eu achava que, como a língua sérvia é parecida com a língua russa, a língua eslovena também seria. Errei: aquilo lá não parece com nada, e nem adianta tentar entender. Fui muito bem tratada tanto nos momentos mega-turistoides, quanto acompanhando minha tia, residente do país, a restaurante e supermercado.


Vista do topo, onde fica o castelo



A viagem até lá, de trem, partindo de Munique, foi meio tumultuada. Aprendi a duras penas que em Munique muito pouca gente fala inglês (e eles realmente não têm a menor obrigação), e felizmente fiz amizade suficiente com o balconista do McDonalds para que não passasse fome (eu apontava o sanduíche e ele fazia; detalhes como "coca média" ou "batata grande" ficavam de fora das negociações por razões óbvias). Desta forma, como ninguém sabia responder minhas perguntas, cheguei cedo à estação para ter tripla certeza de que pegaria o trem certo. Acontece que peguei uma composição que iria se separar no meio da viagem, e quase vou parar na Sérvia. Pior: só iria saber disso quando chegasse lá. 

A "sorte" é que fui praticamente expulsa (sim!) do vagão em que eu estava por um grupo de gringos super mal educados que não falavam inglês... e nem tinham obrigação mesmo, porém ser educado não custa absolutamente nada. Um deles chegou gritando e mostrando os bilhetes, e pra bom entendedor, meia palavra (mesmo que seja em sérvio) basta. Fiquei meio brava, porque aquela cabine era de primeira classe e, segundo a representante do Eurailpass, meu passe me dava direito a cabine de primeira classe naquele trem, e não havia assentos marcados. Por isso, se você acha que tudo na Europa é organizado, aham, vai achando. 

Pronto. Então, saí do vagão de primeira classe pra ir sentar num de segunda classe, o único que tinha lugar. Acreditem, eu procurei. No caminho, um funcionário da companhia de trens pediu meu bilhete e começou a se agitar todo. Ele também não falava inglês, mas deu um jeito de me dizer que se eu ficasse naquele vagão, iria parar em Belgrado...


Satan esteve em Ljubliana?

Pensando bem, essa foi a única intercorrência da minha estada na Eslovênia. Daí para frente, inclusive no trem (aproveitei o resto da viagem para apreciar a paisagem montanhosa da Áustria), tudo correu lindamente. Passeei pela cidade, fiz algumas comprinhas (como um licor de pêra fortíssimo nível álcool Zulu pro meu pai, uns vasinhos de vidro para minha mãe e minha tia e uns trecos da Lush), tirei milhares de fotos e descobri que o dragão é símbolo de Ljubliana porque dizem que antigamente a cidade era dominada por um dragão malvado e cuspidor de fogo, que um dia se apaixonou por uma "dragoa" (dragona? dragão fêmea?), virou bonzinho e teve um filho dragão sensível e artista. Gostei.




Meu tio também me levou passear em dois lugares bacaninhas. O primeiro foi Bled, cidade turística onde existe um lago com uma ilha no meio, e nele, uma igrejinha. Para chegar ali, barquinhos de madeira. Essa era a ideia que eu tinha de como seria a Europa, quando eu era criança: um lago azul-esverdeado gelado, rodeado por montanhas pontudas com neve no topo, barquinhos, uma igrejinha cujo sino é tocado para dar sorte (eu toquei, e nem me acho das mais azaradas). É de encher os olhos, mesmo. E bem perto da capital: não me lembro exatamente quanto durou a viagem de carro para lá, mas foi menos de duas horas com toda certeza.








Ainda fomos a Postojna, uma das cavernas naturais mais compridas do mundo. Sabiam que tem um monte de cavernas na Eslovênia? Eu não sabia. Confesso que fiquei com medinho de dar um apagão lá e a caverna ficar sem luz com a gente dentro, porque a gente foi descendo, descendo, e a descida não acabava mais. Achei interessante que a temperatura da caverna é constante durante o ano todo - 8 graus celsius, se bem me lembro - e lá eles alugam capas de lã para os desavisados-desagasalhados tipo eu. A capa era verde e comprida, fiquei a cara do Frodo com ela. E tive vontade de voltar lá para ver alguma apresentação de música clássica dentro da caverna - sim, tem um espaço enorme, cabe um monte de gente e dizem que tem uma acústica fenomenal, e por isso são realizados alguns concertos lá.


 Pagando de hobbit em Postojna

Esse foi um pequeno relato da minha visita à Eslovênia, um lugar que todo mundo sabe que existe mas  ninguém vai, e que gostei muito mais de conhecer do que destinos mainstream tipo Los Angeles.



terça-feira, 16 de outubro de 2012

Did it hurt...? (when you fell from heaven)

Esse post aqui foi escrito em 10 de setembro de 2007, nosso (meu e da Fefê) penúltimo dia em San Francisco, depois de uma viagem tão, mas TÃO legal que fomos embora chorando, as duas (parece tonto mas é sério). Era minha segunda vez na cidade; depois, ainda voltei mais duas vezes: numa viagem de eu-sozinha, com direito a show do Paul McCartney e tudo, e por último com a minha família, quando rodamos um pouco do norte da Califórnia de carro.

Duas coisas a notar: 1) viajei de volta para o Brasil em 11 de setembro, eu tenho essa mania; 4 anos depois, nascia Ninoca, neste mesmo dia. E 2) muitos anos depois assisti a um documentário sobre pessoas que pulam da Golden Gate, a maioria querendo - e conseguindo - se matar. Esse aqui, ó.

O post estava originalmente sem acento mas, como acho que isso pode acabar ficando chato, acentuei agora. E coloquei uma foto da viagem também. Enjoy.

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Parece que os approaches prontos nao mudam com as mudanças de latitude e longitude. E parece, tambem, que o Anônimo (oi, Anônimo!) que comentou no post anterior tinha razão: procurar marido aqui é otimismo de grosso calibre, e os únicos a lançar approaches em direção à minha pessoa, até agora, foram alguns homeless no finalzinho da Market Street.

Mas tudo bem, tsá? Tudo bem, porque ontem cansamos de tentar distinguir a silhueta da Golden Gate Bridge atraves do fog, smog, whatever, e decidimos ir até lá. Quer dizer, nao é que decidiiiiiimos ir até lá, simplesmente fomos indo até que acabamos chegando. Iniciamos com uma inocente subida pela Grant St, que fica bem no meinho de Chinatown. Daí então pusemos o pé na pirambeira mesmo, até o topo de Telegraph Hill, mais algumas escadas e um elevador de filme B de terror rumo ao ultimo andar da Coit Tower, para uma visao de 360 graus da cidade linda lá embaixo, ainda que com o tempo nublado.

Com os pés no solo de novo, mais pirambeira: desta vez, subida da Russian Hill, onde fica a rua mais sinuosa do mundo, a Lombard Street, toda florida e que aparece em todos os filmes. A Lombard, na verdade, é uma rua longa (como a maioria das ruas aqui, aliás), e aquele trecho onde toooooodos os turistas (nós inclusive) param pra tirar fotos é apenas um pedacinho dela.

Pra baixo todo santo ajuda: descendo a Russian Hill fomos, como que num passe de mágica, parar atrás de Ghirardelli Square, do qual fugimos correndo ao perceber que, ali, estava rolando a festa anual do chocolate. Almoço em Fisherman's Wharf, meio cedo para nossos padrões (era apenas meio-dia e meia, sendo que estávamos nos acostumando a almoçar apenas lá pelas duas da tarde), porque a ideiazinha de andar seis milhas até a ponte vermelha já ia nascendo em nossas cabecinhas.

Com o vento vindo do mar nos embaraçando o cabelo (parece poético, mas na real ficou uma caca), atravessamos a colina onde fica Fort Mason, a praia em Crissy Field - onde apenas os labradores têm coragem pra entrar no mar - e fomos andando, andaaando, andaaaaaando... a cada momento ela estava mais perto, mais peeeerto, mais peeeeeeerrrrtooooo... até que só faltava mais uma, umazinha colina, já no Presidio... e então éramos nós, na Golden Gate, 4200 pés de altura (não, eu não vou fazer as contas pra saber quantos metros dá isso, mas é alto pacas), com a visao mais privilegiada possivel da baía.

Eu ainda nem sabia que dava pra atravessar à pé, mas há uma passarela, mirantes para admirar a vista e, sim, telefones conectados a "crisis lines" especiais: o cara sobe lá pra se matar, pega o telefone, e algum voluntario de alma boa o convence de que viver é legal e que é melhor não pular. Então tá!

Um picolé de limão pra quem adivinhar onde terminamos o dia: yeah, restaurante tailandês again, boa comida e atendimento sorridente a precinhos módicos. Tornou-se o básico de nossa viagem aqui pra SanFran. Outro básico é dormir em lugares públicos - a segunda soneca foi em Yerba Buena Gardens (e eu adoooro esse nome, "Yerba Buena", ha!), ao som de um grupo havaiano tocando ukulele e cantando, num festival que estava acontecendo por lá.

Despeço-me agora, pra postar novamente só quando chegar em Sao Paulo, depois de amanha. Tomarei meus dois aviõezinhos amanhã, dia cabalístico, rumo à minha casa e de volta à minha vida. Em geral gosto de voltar mas, desta vez, confesso estar sem a menor vontade. Ficaria por aqui, com o vento a emaranhar meus cabelos, mais uns dois, tres, dez, setenta meses. E cada um de vocês poderia passar quantos dias quisesse comigo, em paga por terem lido todas essas baboseiras.

Até a volta e, após eu ter conseguido enfiar toda a minha porcaria na mala, bom retorno pra nós.


(vou ali choramingar um pouco)

segunda-feira, 15 de outubro de 2012


Era maio de 2009 e cheguei na Itália de van, vinda da Eslovênia, com três pedras na mão. Minha experiência anterior por lá não tinha sido das mais bacanas no quesito "elemento humano". Até hoje quando me perguntam se eu gostei de Roma, meu primeiro impulso é falar que não: a sujeira, a bagunça, todo mundo gritando com você, e o fato do bilhete de ônibus ser vendido em todo lugar, EXCETO no ônibus. Daí eu paro, penso um pouco, e me convenço de que é impossível simplesmente dizer que não se gosta de um lugar onde está o Foro Romano, o Coliseu, a Via Appia, a Piazza Navona, de modo que, muitos anos depois, ainda estou confusa. Mas Roma merece um post à parte, e nesse aqui falarei de outra cidade.

A tal da van, que peguei em Ljubliana (e que era para ser um ônibus, mas o quórum era de apenas dois passageiros - eu e um cara que fedia - e o motorista), nos deixou em Mestre, a uma estação de trem de distância do meu destino final, Veneza. Me disseram que era só comprar o bilhete e entrar em qualquer composição, e em questão de poucos minutos eu chegaria. No guichê tinha um italiano mal humorado - o que até então, para mim, era uma redundância. Comprei o bilhete, escolhi uma plataforma randomicamente, e fui esperar.

A cena que se seguiu pareceu de desenho animado: se eu estava na plataforma 1, o trem passava na 4. Daí eu corria para a plataforma 2, e o trem passava na 3. Tudo isso com uma mochila monstruosa nas costas, cheia de bugigangas eslovenas de vidro. Não tinha viv'alma na tal da estação, só o chato do guichê de venda de bilhetes e lá fui eu pedir informação, já sabendo o que viria. O italiano gritou comigo em italiano e eu gritei com ele em italiano também (é, foi isso aí). Eventualmente, o trem acabou passando na plataforma em que eu estava.

E valeu o perrengue. Mal aí pelo clichê, mas o que eu vi quando saí da estação de trem em Veneza é indescritível - e olha que aquele é o pedacinho mais feio do Grande Canal. Quer mais vários clichês? O lugar parou no tempo, parece de mentira, parece que dali a pouco o Shylock vai passar na sua frente. Diz um livro que comprei lá, aliás, que Shakespeare nunca foi a Veneza (yeah, amarelei e comprei a versão em inglês, ao invés do original em italiano).

Por falar em pedacinho, quando cheguei no quarto em que iria passar alguns dias, fiz a dança da alegria ao ver que a janela abria direto para um dos milhares de pequenos canais que cortam a cidade. Tinham comentado do cheiro ruim da água, mas não senti nada. Talvez o quadro seja pior no inverno, em cujos meses a cidade fica alagada e é bom levar um par de galochas. Eu ganhei sol veneziano de presente em todos os dias, exceto no último - quando também começou uma greve geral na Itália, que por sorte não afetou o meu trem pra Paris, mas me impediu de ir ao Lido já que os vaporettos estavam operando de forma limitada. Enfim, na frente da minha havia mil e uma janelinhas, com roupa pendurada e cara de casa mesmo, onde realmente mora gente, e fiquei me perguntando como seria morar naquele lugar que tem meio lata de Projac da vida real...

Fiz alguns passeios programados, como a Accademia (para ver os Ticianos e os Tintorettos!!!) e o Palácio dos Doges (a foto que ilustra o post foi tirada de um de seus balcões, e foi o museu que eu mais gostei nessa ida à Europa). Também fui ver e atravessar a ponte Rialto, cheia de movimento tanto nela quanto dos dois lados: gente passando, gente vendendo coisa, turista indo e vindo. Nos outros momentos, fiquei lá me perdendo pela cidade cheia de ruazinhas capilares onde mal cabe uma pessoa... sim, é um pouco assustador, mas ao mesmo tempo bizarramente fascinante. Destaque para as lojas de fantasias, com os manequins vestidos de capas longas e máscaras cintilantes. À noite, é creepy.

Comer em restaurantes turísticos gastando pouco é difícil por lá. Até porque eles te empurram aquele menu fechado. Eu acabei virando cliente do supermercado Bila, pertinho do prédio em que eu fiquei, e  quase ao lado de uma filial da Lush... Lá eu comprava aquelas garrafinhas pequenas de vinho e coisas deliciosas como presunto de parma a precinhos módicos. Pra quem ainda vai, dê uma olhada nesse post, sobre restaurantes baratos. Porque é chato estar com fome, ficar rodando uma cidade labiríntica, e só encontrar menus por 50 euros. 

E o "elemento humano" em Veneza foi bem mais legal comigo do que em Roma: conheci franceses, russos (que ao saber que eu estudava a língua, tentaram conversar comigo, coitados), brasileiros e, pasme, italianos, todo mundo muito gentil e contente. Lá, não dá pra não ficar. 

domingo, 14 de outubro de 2012

De navio, no Caribe.

Enquanto a ação não volta por aqui (e quanto a viagens, vai demorar, dado o estado terminal da minha conta bancária), vou continuar falando das viagens passadas - é, toda uma vibe Scrooge, com as viagens passadas, as presentes e as futuras. Pra encurtar a história, meu cruzeiro pelo Caribe em 2010 foi uma das melhores viagens da minha vida. Na verdade quando se fala em cruzeiro, nem parece tão legal. Mas foi e eu vou explicar a razão.


Tirando ter sido obrigada a fazer imigração em Miami - onde o idiota do funcionário ficou me perguntando se eu ia trabalhar no cruzeiro... claro, e ia enfiar minha mãe dentro do armário enquanto isso - não dava pra tudo ter dado mais certo. Primeiro, porque nem saímos do aeroporto em Miami: seguimos direto pra Puerto Rico, lar dos saudosos Menudos e de seu membro (uy) mais famoso, o recém-saído-do-armário-e-muito-gato Ricky Martin, que a gente chamava de Rickynho quando eu era criança. Eu acho que existe toda uma aura de preconceito em torno dos portorriquenhos, estilo ir pra Miami ou NY e voltar falando que "só tinha portorriquenho". Acho que isso é típico de quem nunca foi pra Puerto Rico. O lugar é lindo. As praias são lindas, os monumentos históricos são de babar, e tem toda aquela infraestrutura que a gente não pode negar que os americanos sabem fazer. Tem pobreza? Tem alguma, sim. Mas eu senti certa felicidade nos habitantes. Don Tejo, o senhorzinho taxista que nos levava pra cima e pra baixo, garantiu que era muito bom morar em Puerto Rico. Ah, tem também que eles curtem que você fale em português mesmo, ou arranhe um portunhol.


A Cidade Velha de San Juan é o máximo. Tem restaurante, tem balada, tem pracinha. Mas o que me atraiu foram os fortes, mais especialmente o conhecido como El Morro. Ele foi palco de batalhas navais sangrentas pelo controle da ilha, foi realmente usado pelos espanhóis, não tá lá só pra ser bonitinho não. Já o bairro em que ficamos, Miramar, era de classe média-alta, com alguns bons restaurantes (a gente gostava de comer no Lima, restaurante peruano na Av. Ponce de Leon, com excelentes peixes, sobremesa de doce de leite com marshmallow e a bizarríssima e amarela Inca Cola) e vários hotéis. Pras shopaholics, San Juan conta ainda com o Plaza Las Americas, shopping absurdamente grande e com ótimas lojas.


Quanto ao navio, eu estava super emocionada, porque nunca tinha viajado em um antes. Navegamos no Celebrity Millennium, que tem capacidade pra uns 2000 passageiros, 12 andares, 3 piscinas, academia, spa, vários restaurantes, balada e assim por diante. E embora do meio pro final minha mãe estivesse ficando meio entediada (ela estava achando que 12 dias era muito tempo), eu ficaria lá mais uns MESES se pudesse. Porque imagina: você viaja de um lado pro outro enquanto toma sol, vai na piscina, toma café, almoça, janta, lê um livro, ouve uma musiquinha e dorme. Quando acorda no dia seguinte, surpresa: já chegou em outro lugar. No nosso roteiro, aliás, tinha ilha todo dia, e apenas um dia inteiro no mar, ou seja, bastante atividade pra fazer.


E tem balada a bordo? Não vou mentir: nesse navio só tinha casal e gente velha. Aliás, tem gente BEM velha, o que pode ser interessante dependendo da pessoa. Conhecemos um casal de velhinhos novaiorquinos simpaticíssimos e surpreendentemente animados. De qualquer forma, eu estava procurando descanso, então todo dia depois do jantar ia para a 'boite' (ahahaha) com a minha mãe, ficava 5 min e ia dormir. Já ela, que é toda jovial, insistia na tal da balada. No final, ficou amiga do navio inteiro.


A comida é mais ou menos. No jantar sempre tinha bastante opção de menu, mas o almoço era ruim que só. Acabei descobrindo que havia um café que servia refeições light durante o dia, e no final só comia lá. O spa era muito bacana, mas custava os olhos da cara. Minha mãe me deu uma massagem de aniversário, o que foi uma delícia. No casino eu perdi 2 dólares, enquanto meu amigo Chris, americano de Dallas, perdeu 800. Tá louco.


E as ilhas? Saint Croix tem a água mais azul que eu já vi, Curaçao é o máximo, Barbados foi muito divertido (lá fizemos amizade com três franceses e velejamos para ver as tartarugas!) e Dominica foi minha predileta - lá gravaram umas cenas de Piratas do Caribe, e foi onde fizemos um passeio guiado para Titou Gorge, uma caverna em que passa um rio dentro, e é uma delícia de nadar. Depois ainda fomos pra praia de areia preta onde tentaram pela primeira vez nos vender 'cigarros orgânicos' e voltamos num lotação do motorista chamado André.


Eu super recomendo um cruzeiro assim se você 1) gosta do mar; 2) não enjoa (eu não enjoei absolutamente nada); 3) vai com marido ou namorado ou afim; 4) tá querendo descanso e não muito agito. Sobre esse último quesito, deixa eu frisar que a Celebrity (a empresa a qual o navio pertence) não é conhecida por cruzeiros muito agitados, mas sim por atrair gente mais velha e, digamos, pacata. Tem a Carnival, que é mais jovem e mais barata. Ou seja, pode atrair mais gente que vai te incomodar porque você pode achar que são todos crianças demais e fazem baderna demais. Anyway, eu adorei a experiência, e sinto muita saudade do navio e de todos os amigos que fizemos, inclusive do José (nosso camareiro, indiano) e da Ava (a moça que nos servia no restaurante, jamaicana, que devia ter uns 3 metros de altura), dos portugas nossos companheiros de mesa, do casal de brasileiros, do Chris, da Wendy e do Brent, dos franceses legais, etc, etc, etc.


Quem sabe mais pra frente eu conto mais contos a respeito.


Roseau, capital de Dominica, minha ilha favorita. Ao fundo, o Celebrity Millennium.

sábado, 13 de outubro de 2012

O Hawaii é aqui.

Este eu acho que vai ser legal. Escrevi assim que cheguei em O'ahu, a ilha "mais importante" do Hawaii e onde fica a capital, no ano de 2008. Caramba, faz tempo já, e eu nunca deixei de estar louca pra voltar. Depois do post, que antecipa todas as mil coisas que a gente iria fazer, tô colocando fotinhos de todas as mil coisas que efetivamente fizemos. Com muita saudade, principalmente num dia como hoje, em que fiquei ouvindo minha mãe reclamar nonstop por horas e horas a fio.

É legal até pra mim (ou só pra mim) ler coisa antiga desse jeito, mas quanto a terceiros, vale notar que eu errei minha previsão sobre a eleição americana seguinte. O Obama tinha acabado de vencer as primárias mas eu tinha certeza que ele iria perder no final.

Bom, bora pra O'ahu, postando de teclado desconfigurado:

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(mais uma da serie "Posts sem acentuacao por mera preguica da autora")


(a camiseta igual foi sem querer)


E eu nao contei nada antes por algumas razoes. Primeiro, porque nao encontrava meu passaporte de maneira alguma. E depois, por nao ter dado tempo mesmo – os ultimos dias antes de sair em ferias foram meio freneticos. Some-se a isso minha capacidade incrivel de me auto-desorganizar. Sim, pois onde ja se viu perder o proprio passaporte e, ja em meio a certo desespero de causa, encontra-lo em cima do desktop que, por sua vez, estava sobre uma prateleira do meu quarto na casa da minha mae, o ultimo lugar onde eu procuraria ate porque meco miseros 154 centimetros e nao, nao alcanco.


Mas deu certo e estou aqui. “Aqui” seria uma pequena ilha bem no meio do Pacifico chamada O’ahu, e quem perdeu tempo lendo esse blog talvez ja esteja familiarizado com ela. Ou nao, porque nem eu estou. Pisei aqui uma vezinha so, ha pouco mais de quatro anos, mas o lugar e tao interessante que, malgrado se consiga dar a volta de carro na ilha inteira por uma tarde, existe tanta coisa pra se ver e se fazer que a diversao nao acaba.


Pegamos o aviao ontianoiti (foi ontem mesmo? O fuso ta me baguncando, se nao me engano voces ai de casa estao 7 horas na minha frente) e ficamos umas horinhas em Nuio', o suficiente preu comprar um videogame, um sutia, uma tiara de bolinhas para mais ou menos enfeitar meus novos escassos cabelos, bem como outras encomendas que me foram feitas; tambem deu pra tomar um mocha branco no Starbucks (grande merda, porque o gosto estava bem pior do que a versao Shopping Higienopolis, embora tenha demorado bem menos pra sair), derrubar todas as minhas coisas no chao, pegar um trem que passa embaixo aquilo que um dia ja foram as torres gemeas (vulgo estacao buracao) e depois um taxi pilotado por um “cristao-egipcio” (segundo o proprio) que tentou nos vender posteres com desenhos e outras coisas estranhas, sob o argumento de que o dinheiro ganho seria revertido em prol de sua “organizacao”. So nao foi mais divertido que o cara de Guiana que me levou pro JFK de limosine (sim, porque eu liguei pro servico de taxi e me mandaram uma limosine sem cobrar nada a mais por isso, oe!) e ficou surpresissimo ao notar que eu sabia a historia do reverendo Jim The Freak Jones e do suicidio coletivo no pais dele.


Ainda nao ouvi e nem li nada sobre politica. Gostaria, mas quando o comissario de bordo passou distribuindo jornais eu provavelmente estava babando, meio-deitada-meio-sentada no meu assento no aviao, entao nem rolou. O que posso dizer e que ontem foi o dia das primarias aqui em Honolulu e, assim que eu tomar meu banho e tirar toda a sujeira de 23 horas sem tomar banho (entre a saida da casa da minha mae, as 9 horas no aviao pra Newark, a visita em dose homeopatica a Manhattan, as 11 horas de voo Newark x Honololu e os tramites pra pegar o carro na locadora e finalmente chegar no nosso hotel em Waikiki – que ate agora me parece razoavel e fica num lugar muy munyto chamado Kapiolani Park, pra comecar a enxurrada de nomes havaianos bizarros), irei confirmar e virei contar o que todo mundo ja sabe – o Obama venceu aqui, claro – embora eu ache que nemfudendo que ele ou a Hillary vao ganhar essa eleicao. Pago pra ver. E voces tambem vao pagar!


Outro ponto a ser tratado e que viajar 11 horas num aviao com minha mae do lado provavelmente me fez expiar todo o pecado mais mortal que eu possa ter cometido durante minha vil estada nesta terra. Acho que expia ate os pecados futuros, porque vamos combinar que a mulher nao para quieta e quer tudo – ir ao banheiro, jogar paciencia, falar que nem matraca, saber se are we there yet – parece crianca.


Por ultimo, e antes que a bateria acabe (a minha, nao a do notebook), digo ainda que O’ahu nao e nosso ultimo destino. Nao, senhores. Depois de amanha (quando pretendemos fazer snorkelling, ver Pearl Harbor e fazer umas comprinhas que ninguem e de ferro) pegaremos outro aviaozinho, desta vez para um voo curto de meia hora de duracao, no maximo, em direcao a Kailua-Kona, destino turistico da conhecida (mas pouco falada ai no Brasil) Big Isand of Hawaii. La teremos mais praia, vulcoes em erupcao desde os anos 80, observatorios astronomicos, caubois, cafe, macadamia, deuses estranhos da agua-fogo-e-outras-coisas e montanhas com neve (!!!) no topo.


Lugarzinho divertido.


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Aloha!



no helicóptero, em Big Island




sítio histórico em Big Island (o nome é impronunciável)



 Hanauma Bay





Em Waikiki as estátuas são enfeitadas com flores




passarinho oahuense



 Um pedaço do vulcão Kilauea, que é bem brabo





Observatório no topo do vulcão Mauna Kea (e sim, isso é neve)




Punalu'u, a praia das areias pretas, onde vivem um monte dessas tartarugas



Do not touch the turtles!



Se alguém quiser ver mais fotos, tem aqui as dessa visita de 2008 e aqui as poucas da visita apenas a O'ahu, em 2004 (eu ainda não tinha câmera digital, hahaha)

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Turista nada acidental

Continuando com o projeto de "revitalizar" meus blogs perdidos, aqui vai um post que escrevi em 2010, depois de ter passado a Páscoa na Big Apple. O título anterior era 'O grande barato em NY é ser turista', claramente um título que botei porque estava com pressa de publicar o post. Aqui, mudei. Enjoy:


Autofoto no busão turístico.

Tá, você vai pra NYC e torce o nariz pra tudo que é turístico, porque afinal você é legalzão e quer viver a vida de um local? Bom, lamento informar, mas a vida de um local não acontece pra quem passa uma semana em um lugar. Acho que precisa de pelo menos uns 4 meses. E, de novo, passar 4 meses em um local não é morar lá. Adoro esse povo que faz intercâmbio de um ano e fala que "morou". Mas não vou discutir. Eu já estive em NYC algumas vezes, e o maior período foi de uns 20 dias, quando minha tia morava na rua 46. E eu ia no supermercado com ela, e a gente cozinhava em casa, mas nem por isso eu era uma local, porque aproveitava qualquer brechinha pra correr pra Sephora, pra Times Square ou pra algum museu. Eu era uma bela duma turista, isso sim.


Estive lá na Páscoa e me animei a fazer um programa que nunca tinha feito antes: aquele busão de dois andares, cujo andar superior é descoberto. Agora eu venho aqui dizer pra vocês que, malgrado o mico que vocês achem que estão pagando, é um programa bem interessante e útil. Primeiro, porque ele te dá uma visão panorâmica de um lugar que te é estranho, e disso você pode tirar os pontos que está a fim de conhecer com maior profundidade e mais calma, para voltar depois. Segundo, porque eles funcionam num esquema de hop on - hop off, ou seja, você pode subir e descer quantas vezes quiser dentro dos dias pros quais vale seu tíquete. Chegou em Chinatown e quer descer? Demorou. Dali a pouco passa outro busão, que você pode pegar e seguir em frente. Terceiro, porque a maioria dos guias é muito competente, e eles te passam informações interessantes a respeito dos lugares. Tipo, que a biblioteca pública de NY tem mais andares pra baixo do que pra cima. E se o guia for mala, você sempre pode descer e pegar o próximo...


Pelo que entendi, há vários tours disponíveis. O nosso compreendia Manhattan diurno e noturno, e Brooklin noturno (eu sou uma freak pela ponte do Brooklin, acho linda, mas vale lembrar que o ônibus, por ser muito pesado, só pode passar pela Manhattan Bridge, que fica ao lado). Se não me engano tem um tour que é combinado com missa no Harlem, aquelas com coral Gospel e tudo o mais, e onde convém respeitar o próximo e nem relar na máquina fotográfica.


Acho que um contra desses tours é que eles dependem muito do clima: não rola muito fazer com chuva, nem na friaca de fevereiro (eu acho fevereiro pior que janeiro, sempre, em termos de friaca). Tirando isso, eu recomendo: assumir seu lado turista é sempre muito libertador. Afinal, você já é um de qualquer modo. 

quinta-feira, 26 de abril de 2012


Não que falar da Big Apple seja difícil: eu teria várias histórias interessantes pra contar a respeito dessas (dezoito?) vezes em que tive a oportunidade de estar lá - e acreditem, não importa a quantidade de oportunidades, cada qual é sempre única. 

Mas Woody Allen falou. Spike Lee falou. Lou Reed falou. Paul Auster falou. Gay Talese, meu herói, falou - disse que NYC é uma cidade de "things unnoticed", porém não deixei de notar o preço da Coca Zero. De toda forma, depois do glamour dessa lista, quem sou eu, pobre escritora de gaveta, pra dizer algo?

Direi apenas que Nova York é, para mim, algo como um universo paralelo. Andar naquelas ruas congruentes é ter a impressão (incongruente) de viver dentro de um seriado. Ou de Poderosa Afrodite. As pessoas falam como nos filmes. Alguns realmente se vestem como em Sex and the City, por pior que isso possa ser, enquanto a maioria perambula pelo metrô com suas roupas de todo dia (e é destes que eu gosto, em NYC se ANDA, ou seja, pior pra você se sair por aí cheia de penduricalhos). E a ficha da gente só cai quando alguém esbarra na gente e gentilmente nos manda "watch it", ou na primeira vez em que a catraca do metrô dá piti e não aceita nosso Metrocard. Sim, o filme é de verdade.

Os novaiorquinos são paulistanos ao quadrado. Cada qual em sua bolha, bonitinhos, como aqui. Eles trabalham from 9 to 5 (claro que, muitas vezes, além disso - já foi contabilizado que, lá, já há mais gente trabalhando à noite do que de dia) e depois tomam whisky sour e falam sobre suas famílias com estranhos(as) que sentam-se ao lado no bar, e que jamais voltarão a encontrar, a não ser por uma incrível coincidência randômica escrita no destino. Já vi isso acontecer algumas vezes no pub, no bar do hotel, no restaurante turístico. 

E as sirenes das ambulâncias, e carros de bombeiro, e polícia, também são as nossas... ao cubo. Lugar mais barulhento tá pra surgir. Daí então eles fogem pro meio do Central Park pra comer um bagel (aquele donut de massa de pão que eles adoram, pobres incautos que nunca viram pãozinho francês). Mas não largam o telefone celular, que sempre tem câmera, late, apita e faz ronron. Outro sinal dos tempos.

Nosso senso de humor negro eles também não têm, embora exerçam com maestria a arte do sarcasmo. Jamais fariam piada com o 11 de setembro, por exemplo, como fizemos com o buracão do metrô. São ufanistas como quase todos os americano, mas às avessas: falam mal do ex presidente Bush, mas tenta ir você, brasileirinho, dizer um "a"... é igual àquela história do irmão mais novo, "eu posso xingar mas os outros não"...

Coisa que eles sabem bem é preservar a própria história. Vide a conservação da Grand Central Station (alguém me leva no Oyster Bar?) e o incrível Cloisters, praticamente um edifício medieval que foi transportado pro norte da ilha. No norte da ilha, aliás, só tem mato, sabiam? Eu também só fui saber depois que fiz o cruzeirinho ao redor de Manhattan, ano passado. Foi também a primeira vez em que vi o famosérrimo Yankee Stadium de perto, e passei embaixo da lindaça Brooklyn Bridge.

Sinto saudades de quando a tia Sandra morava lá e era legal o suficiente pra me deixar passar dias e dias no apartamento dela na rua 46 com 9ª avenida. Tenho lembranças pra lá de pitorescas de ir com a tia Lilian num tal de Big Apple Meat Market (nome suuuper original, aliás), que carinhosamente chamávamos de "supermercado dos pobres", onde a gente tinha que entrar na câmara frigorífica pra pegar os produtos de geladeira. E enquanto isso, tia Sandra ia e voltava do trabalho à pé. Inveja é pouco.

Glamour? Acho que não. Os novaiorquinos ali estão, vivendo suas vidas numa cidade grande que é como qualquer outra cidade grande. Talvez nós é que sejamos acostumados desde sempre a pensar nessa cidade como diferente de todas as outras. Ou talvez não. É bonita mesmo suja, é um pouco cruel mesmo acolhedora, "nunca dorme" mas os restaurantes de turista fecham cedo.  E eu quero levar a Nina lá quando ela já tiver idade suficiente pra se divertir no zoo do Central Park e em Coney Island. Acho que antes não volto: fico aqui lembrando e escrevendo.

(foto de agosto/2006, de minha autoria, mostrando a águia da Grand Central e o fabuloso Chrysler Building, o prédio mais bonito da cidade. O texto é de 2007, e fiz algumas pequenas alterações antes de republicar. Em 2011 estive lá pra comprar o enxoval da Nina e escrevi um texto bem mais crítico no VnF?. Fiquei pensando no que poderia ter acontecido: eu mudei? minha visão mudou? eu me contradisse? Porém, pensando bem, achei que no final a diferença foi só na abordagem mesmo.).